Mercado de games não é "coisa de menino"

Camila

Farani

jul. 06, 2023

As mulheres estão fazendo história marcando presença no mercado de games, principalmente agora que o Brasil subiu 40 posições no ranking de igualdade de gênero, saindo da posição 94ª para 57ª, segundo dados do Fórum Econômico Mundial.

Apesar de ainda ouvir que os meninos comandam o setor de jogos, quem pensa assim está totalmente enganado. Isso porque a Pesquisa Game Brasil demonstrou que as mulheres são maioria dentro dos jogos digitais, representando 51% dos entrevistados. 

Acho que o jogo virou, não é mesmo?!


Pense em lazer ou profissão… o mercado de jogos tem mostrado ser muito atrativo para mulheres de várias idades e passa a fazer parte da rotina de muitas. Até mesmo personagens femininas aumentaram. Quem não conhece Zelda, Tomb Raider E Jill Valentine (Resident Evil)?! Você pode até não conhecer, mas todo mundo que joga, sim, conhece. 


E tem mais. As mulheres brasileiras são as que mais têm presença no setor, mas ainda com baixa representatividade quando olhamos por um ângulo macro. De acordo com uma pesquisa do Boston Consulting Group, apenas 9% dos CEOS de todas as empresas de tecnologia do mundo são mulheres. 


Mas fazer a diferença e levantar a bandeira da liderança feminina é com elas mesmas. Principalmente em um país onde existem cinco homens para cada mulher atuando na indústria de games. 


De acordo com o II Censo da Indústria Brasileira de Games, algumas executivas fazem a diferença em prol da representatividade e da diversidade, como por exemplo, a lead producer da Aiyra e vice-presidente da Abragames, Caroline Caravana, e Roberta Coelho, que é CEO da MIBR (organização profissional de esportes eletrônicos com jogadores competindo em Counter-Strike: Global Offensive, Rainbow Six Siege e Valorant).


Mercado de games no Brasil


Quando falamos em mercado de games, os olhinhos dos investidores brilham. Isso porque em 2021 o Brasil assumiu o posto de maior mercado de videogames na América Latina, superando o México. E a receita do setor em território nacional pode duplicar até 2026, segundo o relatório sobre entretenimento e mídia da PwC 2022-2026. 


A indústria doméstica de jogos eletrônicos contabilizou receita de US$1,4 bilhão e poderá chegar até US$2,8 bilhões em 2026. O País deve se tornar responsável por 47,4% da receita total da região no final do período.


Em nível global, só em 2022, a indústria de jogos faturou US$196,8 bilhões. Além disso, segundo projeções da consultoria PwC, a expectativa é que o setor alcance um faturamento global de US$321 bilhões de dólares até 2026. 


Além disso, o mercado brasileiro mira expansão com criptomoeda e metaverso. Tudo isso acontece porque o metaverso e os jogos blockchain se apresentam como uma nova frente de expansão de mercado para os criadores brasileiros, segundo informa reportagem da Forbes. 

Exemplo disso é a empresa BAYZ que já investiu US$1,8 milhão em vários blockchain games, incluindo MetaSoccer, Castle Crush, Monkey League, Thetan Arena e o maior sucesso do mercado, o Axie Infinity, em 2022. 


A Outplay é outra empresa focada nas oportunidades descortinadas pelas criptomoedas e a tecnologia blockchain. A startup é uma agência focada na produção de conteúdo para gamers que se tornou referência em função de uma série de parcerias com marcas e projetos para o desenvolvimento de projetos para plataformas imersivas.


E as mulheres fazem parte da construção dessa história!

É “coisa de menina”, sim!


Onde há espaço para mercado, há mulheres. E dentro desse cenário de expansão, acho importante destacar os principais nomes das mulheres gamers que mais marcaram a indústria dos jogos e que abriram portas para que hoje as mulheres pudessem ser a maioria dentro dos jogos digitais.


Listei 4 nomes que mudaram esse cenário, de acordo com matéria da revista People:


1- Carol Shaw 

 Em 1978, oito anos após o lançamento do Magnavox Odyssey, conhecido como o primeiro videogame da história, Carol Shaw se tornou a primeira mulher a participar da programação de um jogo. Além disso, ela era a única mulher na equipe de desenvolvimento, e ouvia comentários constantes que a diminuíam. Fonte: IGN Brasil


E claro que ela contrariou os companheiros preconceituosos. Resultado: tornou-se um grande sucesso em 1982 com a criação de River Raid, um dos jogos mais famosos da história, para o Atari 2600. O game vendeu mais de um milhão de cópias na época.

“Uma vez, quando eu estava trabalhando no laboratório, Ray Kassar, o presidente da Atari, estava fazendo um tour pelo local e falou: ‘Nós temos uma mulher desenvolvedora de jogos. Ela pode fazer a combinação de cores e a decoração interior dos cartuchos’. E estes eram dois tópicos que eu não tinha interesse.”, destaca Shaw em entrevista à revista Vintage Computing.


2- Yoko Shimomura 

A japonesa Shimomura é considerada um dos maiores nomes da indústria de games mundial. A profissional é responsável pela composição da trilha sonora de títulos de peso, entre os quais estão Final Fight, Street Fighter II, Kingdom Hearts e Final Fantasy. Além de compor músicas muito admiradas pelos gamers, Shimomura também já teve seus trabalhos tocados em concertos musicais em muitos países. 


Em 1988, graduou-se no Colégio de Música de Osaka e iniciou a sua carreira desenvolvendo trilhas para os games da Capcom, compondo para mais de 15 títulos. Na sequência, migrou para a Square, onde atuou na produção de músicas para mais de dez games. Em 2003, tornou-se compositora freelancer, e atualmente o seu currículo já conta com a composição de faixas para mais de 45 videogames.


3- Rhianna Pratchett

Formada em jornalismo pela London College of Printing, a inglesa Pratchett teve o seu primeiro contato com o universo gamer durante seus trabalhos para veículos jornalísticos. Em 2002, decidiu mudar sua área de atuação e tornou-se roteirista de jogos e designer narrativa. Seu primeiro trabalho foi Beyond Divinity em 2004, e desde então Pratchett atuou no desenvolvimento de outras histórias célebres, entre as quais estão títulos como Heavenly Sword e Mirror’s Edge.


Entretanto, podemos dizer que a sua maior contribuição foi para a franquia Tomb Raider. Foi Pratchett quem elaborou, produziu e desenvolveu Lara Croft no reboot Rise of The Tomb Raider, em 2013. Nas suas mãos, a personagem ganhou mais realismo e densidade, e além de ganhar emoções, também teve as suas roupas reformuladas. Dessa forma, a roteirista também está entre as profissionais da indústria que mais buscam aumentar a representatividade feminina nos games, com personagens mulheres muito bem desenvolvidas. 


4- Rieko Kodama 

Outro nome feminino de peso no cenário gamer é o da japonesa Rieko Kodama, considerada uma das maiores diretoras e artistas do segmento. Kodama iniciou a sua carreira como artista gráfica na gigante Sega, em 1984. Lá, ficou conhecida pelos seus trabalhos em títulos de RPG, como as séries Phantasy Star, 7th Dragon e também Skies of Arcadia. 


Além disso, Kodama teve contribuições de títulos notáveis para os saudosos Master System e Mega Drive, entre os quais está Altered Beast. A artista também atuou diretamente na produção dos dois primeiros games da querida série Sonic the Hedgehog. Ao longo de sua carreira, Kodama migrou de designer para diretora de games e, atualmente, atua como produtora. 


Obstáculos das mulheres no universo dos jogos


Nem tudo são flores para o setor. Ao mesmo tempo que vemos um universo de possibilidades, também encontramos um oceano de obstáculos. 



Faz parte desse cenário atitudes de assédio e preconceito, que afastam mulheres gamers de jogos online. Segundo um estudo publicado pela Reach3 Insights em parceria com a Lenovo, 59% das jogadoras costumam esconder seu gênero durante as partidas para evitar assédio. Para se proteger, muitas ainda evitam jogar online, desligam o chat ou participam de partidas apenas com amigos. 

E isso precisa parar em prol do avanço. A verdade é que desistir não é uma opção para nós mulheres, principalmente em espaços majoritariamente masculinos. E algumas mudanças já são notadas com o objetivo de eliminar todo e qualquer tipo de preconceito contra as mulheres. 


São exemplos a criação de grupos de jogadoras, campeonatos de esports e times femininos. Isso acontece porque diante da marginalização, as mulheres tomaram providências com as próprias mãos, construindo meios de apoio. Esse movimento tem influenciado o mercado, que tem percebido que se não mudar, perderá grandes consumidoras.


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